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O que são pântanos alimentares e como se diferenciam de desertos alimentares?

Se você já leu o post anterior sobre desertos alimentares, provavelmente entendeu como a falta de acesso a alimentos frescos e saudáveis pode impactar negativamente a saúde das pessoas em determinadas regiões. Mas, além dos desertos alimentares, existe outro fenômeno relacionado à qualidade da alimentação e sua oferta: os pântanos alimentares.


O que é um pântano alimentar?

Enquanto um deserto alimentar é caracterizado pela escassez de alimentos saudáveis, um pântano alimentar é uma área onde há uma abundância de alimentos não saudáveis — principalmente ultraprocessados e ricos em calorias, gorduras e açúcares. Nesse contexto, os alimentos frescos, como frutas, legumes e verduras, até podem estar disponíveis, mas são amplamente superados pela oferta de fast food, lanches industrializados e bebidas açucaradas.


O termo foi introduzido por Rose et al. (2009), que propuseram essa metáfora para ilustrar áreas onde os ambientes alimentares, em vez de serem “secos” em termos de opções alimentares saudáveis, estão "alagados" com escolhas nutricionalmente pobres.

Em um pântano alimentar, supermercados, lojas de conveniência e redes de fast food podem coexistir, mas o cenário alimentar geral torna mais fácil e acessível optar por alimentos prejudiciais à saúde.


Diferença entre desertos e pântanos alimentares

Embora ambos os conceitos estejam relacionados ao ambiente alimentar, a diferença chave entre deserto alimentar e pântano alimentar está na natureza dos alimentos disponíveis:

Deserto Alimentar: Refere-se a uma área onde há pouco ou nenhum acesso a alimentos saudáveis, como frutas, legumes, vegetais e proteínas frescas. Os moradores de desertos alimentares frequentemente precisam viajar longas distâncias para encontrar opções saudáveis, ou dependem de lojas que vendem produtos industrializados e de baixa qualidade nutricional .

Pântano Alimentar: Refere-se a uma área onde os alimentos ultraprocessados estão amplamente disponíveis e superam as opções saudáveis. Aqui, a oferta de alimentos não saudáveis é dominante, embora, tecnicamente, existam alguns alimentos frescos e nutritivos na área .

Em termos simples: no deserto alimentar, o problema é a falta de acesso a alimentos saudáveis. No pântano alimentar, o problema é a excessiva abundância de alimentos não saudáveis.


Como os pântanos alimentares impactam a saúde?

A principal consequência de viver em um pântano alimentar é a dificuldade de manter uma alimentação saudável. Mesmo que algumas opções nutritivas estejam disponíveis, a oferta esmagadora de fast food e produtos ultraprocessados frequentemente leva as pessoas a optarem por alimentos de menor qualidade nutricional, por serem mais baratos e acessíveis.


Estudos mostram que pântanos alimentares são frequentemente encontrados em áreas de baixa renda, onde as restrições econômicas, somadas à influência de marketing de alimentos ultraprocessados, fazem com que as opções saudáveis sejam pouco consideradas.


E isso vai gerar um risco maior de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, além de outras consequências negativas associadas ao consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, como o impacto na saúde mental e no comportamento alimentar.


Exemplos de pântanos alimentares

No Brasil, algumas regiões urbanas, especialmente em periferias de grandes centros, apresentam características de pântano alimentar, onde há uma concentração maior de estabelecimentos que vendem alimentos ultraprocessados, como lanchonetes e bares, em comparação com mercados de produtos frescos.


Para saber mais, veja essa cartilha sobre pântanos alimentares do Idec clicando aqui.


✍🏼Milena Hernandes - Nutricionista

📌CRN-3 63747


  1. USDA (2009). Access to Affordable and Nutritious Food: Measuring and Understanding Food Deserts and Their Consequences.

  2. Rose, D., Bodor, J. N., Hutchinson, P. L., & Swalm, C. M. (2009). The importance of a multi-dimensional approach for studying the links between food access and consumption. Journal of Nutrition, 139(6), 1170-1174.

  3. Fraser, L. K., Edwards, K. L., Cade, J., & Clarke, G. P. (2010). The geography of fast food outlets: A review. International Journal of Environmental Research and Public Health, 7(5), 2290-2308.

  4. Cooksey-Stowers, K., Schwartz, M. B., & Brownell, K. D. (2017). Food swamps predict obesity rates better than food deserts in the United States. International Journal of Environmental Research and Public Health, 14(11), 1366.

  5. Mah, C. L., Luongo, G., Hasdell, R., Taylor, N. G. A., & Lo, B. K. (2019). A systematic review of the effect of retail food environment interventions on diet and health outcomes. Obesity Reviews, 20(4), 458-469.

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