O leite mais comum comercializado hoje vem de vacas que sofreram uma alteração genética há muitos anos. Essa alteração genética fez com que houvesse uma diferença entre o tipo de proteína encontrada no leite, mais especificamente a caseína.
No leite mais comum de se encontrar, aqueles que estão em prateleiras e a maioria dos leites da geladeira do mercado (tipo A1), tem uma alteração na sequência de aminoácidos, mais especificamente na posição 67, onde há a presença da histidina (A1) no lugar da prolina (A2). Essa pequena diferença faz com que haja a liberação da beta-caseomorfina-7, peptídeo com propriedades opioides, capaz de se ligar a receptores opioides no intestino.
A ação dos opioides no intestino incluem a diminuição a motilidade intestinal, o aumento da absorção de água e a inibição da secreção gástrica.
A diminuição da motilidade intestinal pode fazer com que a digestão do leite seja mais lenta, e a lactose permaneça mais tempo no intestino, onde pode acontecer uma fermentação, já que a lactose é altamente fermentável. Assim, surgem desconfortos gastrointestinais, aumento da permeabilidade intestinal (leaky gut) e consequentemente, o aumento da inflamação sistêmica.
O consumo de leite tipo A1 (o mais comum) também foi relacionado a um aumento significativo a atividade de mieloperoxidase (marcador de inflamação) no tecido intestinal.
A inflamação sistêmica de baixo grau pode deixar o cenário favorável para o aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis como diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemia, condições relacionadas ao sistema gastrointestinal, acne e ainda condições respiratórias como rinite, sinusite ou asma.
O leite não é inflamatório por si só, mas o leite que a maioria da população consome pode desencadear atividades no organismo que no fim, aumentam a inflamação crônica de baixo grau.
Comentarios